terça-feira, julho 17, 2001

Me atormente

Não me atormenta
Se a rua é violenta
E se uma cadela sarnenta
Me espera pra jantar

Pego meu traje de inverno
Gabardine longo e terno
Pra com a pequena pulguenta
Me sentir bem e tomar chá

Meu desespero
Não é sentir o cheiro
De banheiro no bueiro
E procurar um escoteiro
Para a rua atravessar

E se você espera
Vir a me incomodar
Com a vista enauseante
De um cadáver a sangrar

Me atormente
Mas me atormente com uma conversa decente!
Que me faça pensar

Me atormente
Mas não com dor de dente
Me atormente e me faça mudar

* Escrito em 17 de Julho de 2001. Depois de uma passagem pelo Bora-Bora.