quarta-feira, janeiro 19, 2000

Um Amor Passado

Um amor passado é como a ressaca do mar
Tem sempre os seus períodos bravos
Esquece que nos fez de escravos
Mas também não entende o que nos fez esperar

Se ele não entende o porque de tanta esperança
Não se importa de viver calado
Embalsamado relembrando o passado
Enfim, tem todas contradições de uma criança

Vive por tempo indeterminado
Mesmo porque de passado não passa
Mesmo porque não passou de ilusão

Morre pois vive só no passado
Pois hoje só resta a lembrança escassa
Pois agora está longe do meu coração

* Escrito em 2000, no Mauá

Soneto do Fim

Quando meu passado fizer falta
Saberei que já vivi
Suficiente e minha história exalta
Já passou meu tempo aqui

A vigência do corpo e quem sabe
Também de toda minha alma
Se esgota já e antes que acabe
Deixo aqui mensagem calma

Espera a hora derradeira
Em que a consciência verdadeira
Diga que o fim agora chama

Mas se humano fores e és
Olharás teu vil revés
E chorarás ao pé da cama

* Escrito em 2000, no Mauá
O silêncio tem sempre algo a dizer
Se não tivesse, como poderia
Com ele até o surdo enlouquecer?

Até a palavra silêncio quer dizer algo
A senhora que leu e que ria
"Silêncio! Calou-se agora velho fidalgo"

* Escrito em 2000, em alguma entorpecente aula de matemática
Saudades de escrever coisas bonitas
Dizer ao pé do ouvido outras jamais ditas
Encontrar reação além do esperado
E a certeza do olhar interminado

Saudades do não na hora singela
Do sábado em casa tocando pra ela
Descobrir tarde demais que estava errado
E de um simples estar apaixonado

Não saudades do tempo mas sim do estado
Do sentimento e quem sabe da dor
Do que ainda está a vir e não do acabado

Saudades da vida com outro fulgor
Do sorriso então no espelho encontrado
Saudades não dela mas sim do amor

* Escrito em 2000, no Mauá. Cara, é muito engraçado que reencontrei esse soneto esses dias e descobri que ele foi escrito pros dias de hoje (inicio de 2005)! Bah, não tinha vivido nada disso qdo escrevi, mas hoje encaixa perfeito

Retrato teu

Nada belo sai de minhas mãos
Por mais que os traços teus estejam em minha mente
Meus movimentos, tão pouco eloqüentes,
Escorregam e impedem que o mundo conheça tua beleza
Minha tristeza, então,
Continua sem dona

* Escrito em 2000, no Campo Novo. É como uma continuação do “A Fonte de Inspiração”
Posto de gasolina
Não se revela qualquer esquina
A representação do juro alto

* Escrito em 2000, numa aula do Cajo.
Leve é a pluma que corta o ar
Tão mansa - e tão incompreensível -
Quanto a beleza do teu olhar

Corre, serena, a extensão do imenso mar
E, quando as bravas águas tocar,
Lembrar-me-á a figura tua
Ao deitar-se na cama, nua,
Para, como a pluma, teu destino encontrar

* Escrito em 2000, em uma aula do professor Altair, no Mauá

Pra ti, passado

Sonho de há algum tempo
Estranho não senti-lo então
Se o desejo de hoje é diferente
Basta chegar à conclusão
Se a fonte que mudou foi minha mente
Ou, sendo o sonho leve e com o vento vertente
Me escapou do coração

* Escrito em 2000, no Mauá
Olhar e admirar não é paixão
E neste caso não é amor
Não me tenciono mais com a dor
Não sou container de ilusão

Apenas olho e acho bela...

* Escrito em 2000, no Mauá

Óleo de não-sei-que-lá

Podia ter um óleo de não-sei-que-la
Para tudo que nos fizesse chorar
Ou podíamos simplesmente fazer um chá
Para, então, todo nosso sofrimento acabar

* Escrito em 2000, num livro do cursinho
Meu cérebro está vazio
Meu cérebro vazio esta
Vazio, em pé, com frio
No vácuo melhor ficar

Sozinho, em pé, com frio
Sem assunto sequer pra falar
Sozinho num cesto vazio
Meu cérebro vazio está

* Escrito em 2000, no Mauá. Provavelmente matemática

História em quadrinhos da vida

Quadro a quadro tudo muda
Quadro a quadro tudo igual
E escrito "FIM" no cantinho
Talvez chegue no final

Viro a página, um começo
Outra página, já esqueço
Uma página, jeito sério
Próxima página, um mistério

Gasto tinta, gasto quadros
Gasto folha, uso esquadros
E não chego ao fim da história
Que ao que trago na memória
Já é um livro bem espesso
E está apenas no começo

* Escrito em 2000, no Campo Novo
Na velha casa habita um velho hábito
O velho já está tão habituado com ela
Que já criou hábito de sempre voltar

* Escrito em 2000, no Mauá, em mais uma entorpecente aula de matemática
Fairy Tale

The story passes in a neighborhood
But at the same time it's inside the woods
And when the neighbour looks just like a bear
A bunch o robbers enters in the local fair

The policemen riding their special horses
Had just arrived when they started to rob
And the men who called themselves "robbers in the hood"
Fled as they could to hide in sherwood

I must confess the name is not original
But nothin it would have of magical
'Cause a tale that is fair is not a fairy tale
And pinocchio wouldn't be the same
If it hadn't been eated by the whale

But the story goes on within the forest...to be continued

* Escrito em 2000, no Mauá

Culto à Ignorância

Chego à conclusão de que
Por conhecer as dúvidas da infância
Vale mais do que o saber
A própria ignorância

Não
A criança não tem da vida uma pista
E Não
Não sabe mais que ela renomado cientista

Pois por mais que tenhamos vivido
Mais do que tudo que está escrito
Gozamos - graças a (?) -
De um desconhecimento infinito

* Escrito em 2000, no Campo Novo, no mesmo dia que “História em Quadrinhos da Vida”

C

Senhores pomposos do espaço sideral
Feitores dos campos vastos da capital
Amplos conhecedores do dom da tristeza
Apreciando sua própria beleza
Antes de sucumbir, então,
Ao eterno sono

Atores "experts" sem nunca fingir
Espertos demais pra não se iludir
Carregadores do mastro da guerra
E, enquanto a multidão berra
Esforçam-se para deixá-los
No eterno abandono

* Começado no Campo Novo, em 2000, e terminado no Mauá, no mesmo ano
As dúvidas de criança são as melhores
Ah, se são!
Quem é que nunca, ao andar de "auto"
Olhou pro céu e disse:
"Olha, mãe! A lua está nos acompanhando!"
E é a falta dessas (e de diversas outras,
ainda mais simples)
Que nos torna pessoas frias e sérias

E tem gente que, ao ver,
Inevitavelmente pensa:
"Que ingênuas essas crianças..."
Ingênuas...

* Escrito em 2000(?), num ônibus, voltando de Canela, à noite.

sábado, janeiro 01, 2000

Pra que tudo fique bem
Tudo fique em paz
Todo mundo sempre tem
Uma solução, um algo mais

Um anexo de felicidade
Num prédio de qualquer cidade
Espera pra que seja descoberto
E todo mundo esqueça de ser tão esperto

Pra que tudo fique mal
Fique tudo baixo astral
Nada mais normal
Que um pé esquerdo matinal

* Escrito em 2000, no Mauá. Poema incompleto...to be continued...